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Urna grande

 

Wladimir Gramacho

 

A dez meses do pleito que definirá o nome do próximo presidente da República, há mais razões para acreditar que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será eleito para seu terceiro mandato do que esperar qualquer outro resultado, incluindo a vitória de Jair Bolsonaro (PL) ou o surgimento de uma tal terceira via. As 7 últimas eleições presidenciais trazem 7 lições que ajudam a explicar por quê.

 

1. Não parece haver espaço para uma terceira via. Desde 1994, os dois candidatos com maior pontuação na última pesquisa divulgada no ano anterior ao da eleição venceram ou terminaram em 2º lugar.

 

2. Este é o primeiro enfrentamento entre candidatos que ocuparam a Presidência. Lula e Bolsonaro são nacionalmente conhecidos, apoiam-se em amplas bases eleitorais e controlam redes políticas importantes para promoverem suas campanhas. Esse é mais um fator que reduz o espaço para o crescimento de outros candidatos.

 

3. Presidentes que disputam a reeleição nunca deixaram de estar no segundo turno (quando não ganharam logo no primeiro turno), resultado da enorme vantagem eleitoral de controlar a máquina pública, recursos publicitários e programas sociais como o Bolsa Família, agora reeditado como Auxílio Brasil. Isso ocorreu com FHC em 1998, Lula em 2006 e Dilma em 2014. Ou seja, é esperável que Bolsonaro esteja ao menos no segundo turno, o que deve bloquear o acesso de outros competidores à rodada eleitoral decisiva.

 

4. A um ano das eleições, candidatos com bases políticas pouco amplas e menos sólidas ainda podem pontuar satisfatoriamente. Mas, ao longo da corrida eleitoral, perdem espaço. Em 1993, o ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PPB) aparecia em segundo lugar nas intenções de voto, à frente de FHC. Mas nem sequer foi candidato no ano seguinte. Em 2001, Ciro Gomes (PPS) conseguia um empate técnico com José Serra (PSDB). No ano seguinte, porém, a máquina oficial empurrou suficientemente seu ex-ministro da Saúde para que ele chegasse à frente de Ciro.

 

5. Eleições voláteis, com mais espaço para reviravoltas, são aquelas em que o presidente não é candidato. Isso ocorreu especialmente na de 1994, vencida por FHC, e na de 2018, vencida por Bolsonaro. Não será o caso em 2022.

 

6. Nas eleições em que o primeiro colocado em intenções de voto tinha o dobro ou mais das intenções de voto do segundo colocado, o líder foi eleito. Isso ocorreu com Lula em 2002 e 2006 e com Dilma em 2014. Em 2021, Lula tem 48% e Bolsonaro, 22%.

 

7. Fernando Haddad não é Lula. Em 2018, Bolsonaro derrotou um candidato petista diminuído pelo constrangimento de representar nas urnas um ex-presidente preso. Agora, já sabe que em 2022 terá que haver-se com o próprio Lula.

 

Os principais capítulos da história da eleição de 2022, entretanto, ainda estão por ser contados. Em edições recentes, assistimos a desistências, a uma tragédia aérea que matou um candidato e a um atentado contra o líder nas pesquisas. Mas, se as 7 eleições transcorridas até aqui deixaram algumas lições, elas parecem indicar que o Palácio da Alvorada terá novo inquilino depois do réveillon do ano que vem.

 

Tabela resultado eleições

*candidato(a) à reeleição.

¹percentual de votos totais obtido pelo candidato na última pesquisa Datafolha divulgada no ano anterior ao da eleição. A margem de erro varia de 2 a 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

²percentual de votos válidos obtido pelo candidato nas urnas.

³Paulo Maluf (PPB) pontuou 13% nesta pesquisa, empatando tecnicamente com FHC, mas não se lançou candidato no ano seguinte.

 


 Este artigo foi publicado em 28 de dezembro de 2021 no Poder360.

 

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