Júlia Portela
Editora do blog Comunicação aplicada
O tema fake news já era recorrente antes da pandemia, mas se tornou questão de saúde pública com a explosão de informações falsas sobre o vírus. Ainda em 2016, o Facebook adotou uma ferramenta que indica quando um conteúdo está em disputa. Mas essa rotulagem de fato influencia na hora da decisão de compartilhar ou não um conteúdo? Um estudo sul-coreano de 2019 publicado no Journal of Health Communication buscou responder essa pergunta e entender quais fatores entram em conta nesse momento.
Intitulado When Do People Verify and Share Health Rumors on Social Media? The Effects of Message Importance, Health Anxiety, and Health Literacy, dos autores Hyun Jung Oh e Hyegyu Lee, o trabalho utilizou uma amostra de 660 usuários do Twitter num experimento online para testar se rotular uma mensagem sobre a gripe como notícia, rumor ou sem especificação influenciava a decisão de compartilhar ou não o texto. Além disso, foi analisado se o teor positivo ou negativo da informação tem um papel nesse processo.
Após serem expostas a uma das seis mensagens avaliadas pelos pesquisadores, os participantes indicavam se compartilhariam ou não o texto e respondiam a perguntas sobre seu conhecimento prévio em relação à doença.
Os resultados mostraram que o rótulo “notícia” aumentava o nível de importância e a intenção de compartilhamento dado à mensagem, quando comparado ao efeito das indicações “rumor” e quando a natureza da mensagem - se notícia ou rumor - não estava especificada. Esse efeito era ainda mais significativo quando o teor da informação era negativo. Ou seja, a pesquisa apontou uma tendência maior a compartilhar notícias negativas em relação às positivas. Outra conclusão importante foi que a educação sobre temas relacionados à saúde é uma ferramenta fundamental para limitar a disseminação de fake news, já que indivíduos com maior conhecimento procuravam informações adicionais antes de compartilharem mensagens nas redes.
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