Júlia Portela
Editora do Blog Pesquisa na Prática!
Em meio a milhares de notícias com dados, gráficos e números, artigos que contam a história das vítimas do coronavírus se sobressaem. Mas qual formato é mais eficaz em fazer com que os leitores se preocupem mais e evitem a doença com maiores cuidados?
Segundo os pesquisadores Amanda Dillard e Garrett Hisler, contar experiências pessoais seria a melhor estratégia narrativa. Esse efeito ainda seria potencializado quando os indivíduos fossem previamente instruídos a ler a narrativa pessoal levando em conta suas próprias experiências.
Para testar essa hipótese, Dillard e Hisler realizaram, em 2015, um experimento intitulado Enhancing the Effects of a Narrative Message Through Experiential Information Processing: An Experimental Study. Neste estudo, uma amostra de 138 universitárias que declararam usar métodos de bronzeamento artificial foi dividida aleatoriamente em dois grupos. O primeiro grupo recebeu um texto introdutório que solicitava que a mensagem seguinte fosse lida de forma mais racional, refletindo sobre as informações e seus resultados. Já o segundo grupo foi instruído a ler a mensagem prestando especial atenção s experiências pessoais relatadas.
As participantes foram, então, novamente divididas aleatoriamente em dois grupos. Um grupo leu uma narrativa em primeira pessoa e o segundo, um texto com estatísticas, ambos contendo a mesma mensagem. Por último, foram feitas perguntas sobre percepção de risco de contrair câncer de pele, preocupação e intenção de se bronzear artificialmente no futuro, fazer autoexame e procurar mais informações sobre a doença.
Os resultados confirmaram a hipótese inicial. Ou seja, dar rosto, nome e família à vítima é mais eficaz do que focar nos números quando se quer mostrar o que o coronavírus pode fazer. Com essa informação em mãos, tanto o governo quanto a mídia podem usar essa estratégia para se comunicar com a população. Reportagens que focam nas histórias e famílias das vítimas são uma ferramenta poderosa neste momento em que a conscientização da população é um grande desafio.
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