
Júlia Portela
Editora do Blog Comunicação Aplicada
Países africanos têm sofrido duras consequências da disseminação de informações falsas pelas redes sociais. Na África do Sul, a população passou a se recusar a realizar o teste para o coronavírus depois da notícia de que o teste infectava os pacientes ser difundida online, segundo informações divulgadas na última segunda-feira (6) pelo jornal The Globe and Mail.
Esta, no entanto, não é a primeira vez que o continente sofre as consequências da desinformação em meio a uma epidemia. Os tratamentos de pacientes com pólio, na Nigéria, e com ebola, na República do Congo, foram prejudicados quando surgiram rumores de que profissionais da saúde estariam secretamente prejudicando a saúde dos pacientes os pacientes.
Em meio a essa crise, os governos da África do Sul, do Quênia e de Botsuana tomaram medidas drásticas e determinaram a detenção e ameaça de acusação criminal para aqueles que espalharem informações falsas. Só no África do Sul, oito prisões já foram decretadas desde que a medida foi implementada. Grupos de direitos humanos, entretanto, criticaram a postura desses governos como excessivas e perigosas. Além disso, as ameaças jurídicas e prisões não têm tido o efeito esperado, já que a desinformação continua se espalhando desenfreadamente.
Potencializadores para o compartilhamento dessas notícias incluem a desconfiança de membros do governo e cientistas e os resquícios da interferência colonial e neocolonial no continente. Depois de séculos de intervenção, torna-se difícil convencer a população africana de que eles não são alvos de estrangeiros.
O aplicativo WhatsApp, por ser uma ferramenta poderosa na mão dos disseminadores de informações falsas, também anunciou uma imposição de limites para o encaminhamento de mensagens na rede na última terça-feira. Se encaminhado para cinco ou mais remetentes, o conteúdo recebe uma marcação e passa a ser permitido seu compartilhamento somente com indivíduos.
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