
Victor Lima Gomes
Pesquisador associado
O momento pede união, mas até disso há quem discorde. Embora este texto tenha sido escrito em meio à crise do Covid-19, quando a simpatia por determinados grupos parece determinar a credibilidade da Ciência, ele introduz pesquisa sobre um desacordo moral muito mais razoável. Como petistas, antipetistas, apartidários e partidários moderados enxergam uma mesma notícia sobre o ex-presidente Lula?
Quer dizer: o fato de as pessoas simpatizarem ou não com uma figura política pode alterar a percepção que elas têm sobre o viés de uma matéria jornalística? Sim, concluímos, e isso pode levar os partidários a atitudes hostis contra a imprensa. Outras hipóteses dão conta de investigar se a ordem de argumentos opostos (contra e a favor de Lula) influencia a percepção de viés, mas os resultados para elas não foram conclusivos.
O desenho do trabalho "Mídia hostil? Simpatia partidária e a percepção sobre o noticiário" tem caráter duplo: parte observacional e parte experimental. Os participantes responderam a um survey online baseado nas teorias da Percepção de Mídia Hostil (HMP), do Efeito sobre Terceiros (TPE), de Primacy e Recency e na divisão de partidarismo no Brasil proposta por Cesar Zucco e David Samuels.
Frequente em países cuja polarização política é mais estável e previsível (como os Estados Unidos), esse tipo de pesquisa é praticamente inédito no Brasil. Enquanto o hábito de responsabilizar exclusivamente o mensageiro, por aqui, é lugar-comum entre governantes e acadêmicos.
Confira a pesquisa na íntegra aqui.
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