Júlia Portela
Editora do blog Comunicação Aplicada
A vacina contra o coronavírus ainda não foi descoberta, mas já há uma preocupação entre especialistas em promover ações que evitem um novo contratempo: as campanhas e fake news de grupos antivacina.
Segundo o jornal The Globe and Mail, profissionais de saúde devem começar a combater a incerteza em relação à vacinação agora para garantir que, quando a vacina contra a Covid-19 estiver disponível, a população esteja disposta a se imunizar de forma massiva.
Segundo a médica Danielle Ofri, ouvida pelo jornal, quando a gripe H1N1 teve seu pico, o hospital em que trabalha recebia ligações constantes pedindo informações sobre uma possível vacina. Entretanto, quando a vacina finalmente foi disponibilizada, muitos desses mesmos pacientes haviam decidido não se vacinar porque agora tinham medo da vacina.
A comunicação pública sobre vacinação e ciência pode começar antes da descoberta da vacina, diminuindo o espaço para mensagens antivacina. Segundo pesquisadores ouvidos pelo jornal, essa demanda é ainda mais fundamental neste momento em que a população está saturada de informações sobre o vírus.
A pesquisadora Eve Dubé, da Universidade de Laval, aponta o exemplo da vacina para HPV na Irlanda e Dinamarca, onde as taxas de imunização contra a doença tiveram uma queda de 30% após a disseminação de notícias negativas sobre a vacina na mídia.
Steven Taylor, pesquisador da Universidade da Colúmbia Britânica, aponta três argumentos comuns em grupos antivacina: desconfiança com a indústria farmacêutica, medo de agulhas e preocupação com a segurança da vacina. Entretanto, no caso da Covid-19, há ainda uma razão adicional, pois pessoas saudáveis que contraem o vírus se recuperam rapidamente e podem até não apresentar sintomas. Neste caso, segundo Taylor, uma mensagem que definisse a vacinação como um ato altruísta em prol das populações vulneráveis, como idosos e pessoas com doenças crônicas, seria mais eficaz.
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